
Dessa forma, os diretores se colocaram numa situação de aleatoriedade desejada, sem entrevista pré-marcada e abrindo espaço à espontaneidade das falas. Considerados esquizofrênicos, os próprios pacientes/personagens abordavam a equipe, e quatro deles se destacaram pela intenção e intensidade das conversas.
Letícia Cardoso e Pedro MC pesquisaram também o trabalho da médica psiquiatra brasileira Nise da Silveira (1906-1999), que rompeu com as formas agressivas de tratamento do doente mental no país, sugerindo religação de vínculos com a realidade por meio da expressão simbólica e a criatividade.
Para a edição, os realizadores dividiram a tela em planos que não ficam necessariamente em sincronia, brincando com a simultaneidade no tempo dos acontecimentos. As linhas que separam os planos sugerem dicotomias, inter-relações de antíteses sonoras, e contrastes entre o cárcere e a liberdade.