Instalação Memento Mori, uma referência aos gabinetes de curiosidadades do século 16 ao 18. Foto: Divulgação.
A obra de Walmor Corrêa já chegou aos Estados Unidos, a Europa, a África e a países latinoamericanos. Já esteve na Bienal de Arte de São Paulo, mas é inédita em Florianópolis, cidade onde o artista nasceu. Radicado em Porto Alegre, ele vai quebrar o ineditismo na terra natal na quarta-feira, dia 5, quando abre a exposição Teleplastia, na Fundação Cultural Badesc.
Walmor oganizou uma individual que faz uma retrospectiva dos últimos 10 anos de sua carreira, mas produziu obras inéditas especialmente para a mostra em Florianópolis. A cidade tem uma referência fundamental na sua criação artística. Walmor estudou no Colégio Catarinense e a descoberta da arte ocorreu nas aulas de ciências e biologia, em que ele acompanhava, atento, o processo de dissecação de animais e depois desenhava a anatomia interna dos bichos.
Na exposição Teleplastia vai ser possível observar como o ambiente científico do colégio alinhavou o seu futuro artístico. Na mostra, que o artista começa a montar no final de semana, os visitantes terão um espaço semelhante ao de um museu de história natural.
Uma das salas será ambientada com a instalação Memento Mori, uma espécie de gabinete de curiosidades, antecessor direto dos museus. Nos gabinetes de curiosidades, os intelectuais do século 16 a 18 se reuniam para conversar sobre achados culturais e científicos. Memento Mori é ilustrado com Atlas de Ciência, em que o artista apresenta a anatomia de seres da mitologia folclórica brasileira.
Na versão de Walmor, a Ondina (sereia), o Ipupiara e o Curupira tem vida natural, e estão catalogados nos atlas em exposição. Ele realizou uma dissecação imaginária dos personagens, com indicação da possibilidade destes seres existirem e desenhou como os órgãos internos funcionariam. Para balizar a criação de suas figuras, o artista fez pesquisas e entrevistas com médicos. Os desenhos são originais e fazem parte da coleção Unheimlich, termo freudiano que designa o que é estranhamente familiar.
Há ainda na sala Memento Mori, que significa "lembra-te que vais morrer", as caixinhas de música. Ao invés de bailarinas, há esqueletos naturais de pássaros, alterados pelo artista, que ocupam o pequeno palco. São figuras frágeis em compasso de dança e embaladas pela música. Na parede há um relógio cuco, que marca as horas em ritmo acelerado. Uma hora equivale a 30 minutos e, a cada badalada, o que surge é um esqueleto de um pássaro criado por Walmor.
Na seção Metamorfoses e Heterogonias, com desenhos sobre gravuras naturalistas, o artista exibe pássaros estranhíssimos. A motivação para criação destas figuras vem dos relatos de jesuítas, em Itaparica, na Bahia. Nos primeiros séculos do descobrimento acreditava-se que algum pássaros era mutantes. No mesmo espaço, haverá uma mesa entomológica, com insetos desenhados sobre a superfície e inspirados na natureza amazônica.
Noutro ambiente, denominado Natureza Perversa, o artista exibe híbridos de mamíferos e insetos, pássaros e peixes, mamíferos e aves, formando uma fauna extraordinária. Sobre sua obra, Walmor Corrêa conversa com o público na quinta-feira, dia 6 de agosto, a partir das 18h30 na Fundação Cutural Badesc. Mais informações podem ser obtidas em www.walmorcorrea.com.
O QUÊ: Abertura da exposição Teleplastia, de Walmor Corrêa. QUANDO: Dia 5 de agosto, quarta-feira, 19 horas. Visitação de 6 de agosto a 30 de setembro, de segunda a sexta, das 8 às 18 horas. ONDE: Fundação Cultural Badesc. Rua Visconde de Ouro Preto, 216, Centro, Florianópolis, tel.: (48) 3224-8846. QUANTO: Entrada franca.
Realmente algo que chama atenção pela inovação.Uma mistura cientifica na minha opinião, muito legal!
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